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segunda-feira, 11 de maio de 2009

As Aparências e a Lizete

Lá estão eles, rudes como sempre ! - diz uma bela senhora ao passar por uma tasca numa esquina de rua, referindo-se aos aos homens que lá estavam a comer.

Ao ouvirem aquele comentário, as restantes pessoas da rua espreitam pela janela. As reacções diferem: tanto há auqeles que tapam a boca, dado tamanho horror, como aqueles que apenas disparam no ar comentários do género "Eláááá ! Belo franguinho !" e continuam o seu caminho à espera que, mais tarde, tambem tenham tempo para um frango-assado.

Entretanto, mesmo aqueles que ficaram chocados com tamanha "javardice" dos homens, começam a dispersar-se do local.

Uma das mulheres que lá parára, senhora fina, de casaco de peles, batôn bem carregado e expressão sisuda, corria agora para casa, mas agora com uma expressão que denotava alguns nervos. Ao chegar a sua casa, Lizete despira imediatamente as suas 13 lebres (o casacão de pele), atirando-o para o chão do Hall, para perto dum grande vaso de flores. E foi atirando toda a roupa que tinha vestida pela casa fora, até chegar à cozinha. Na cozinha, já nua, correu até ao frigorifico branco-pérola que tinha e, quase arrancando a porta, abriu-o. Vasculhou até que encontrou uma réstia duma qualquer receita de carne, que tinha sobrado do Cocktail que tinha organizado ali mesmo, na sua casa, há dias,.

Freneticamente, e quase que desesperadamente, abre a tampa e mergulha naquele seu manjar. Com os cabelos gordurosos, o nariz com molho, Lizete afogava as mágoas(e a própria cara) naquele ensopado tuparware. Mágoas essas que, ao ver aqueles "rudes" homens aproveitarem a vida a fazer o que mais gostam e a divertirem-se como amigos, a fizeram lembrar que vive nas aparências.

Lizete não é aquela senhora fina, de casaco de peles, batôn bem carregado e expressão sisuda que aparenta ser. Essa é apenas a máscara que utiliza para se enfrentar a si mesma e ser aceite na "Sociedade das Quarentonas Divorciadas, Milionárias e Educadissimas". Era, afinal de contas, um mero ser-humano, que tem dores por andar sempre de salto-agulha, que não vai ao WC só fazer o xixizinho e que tem sentimentos.

Lizete sempre soubera que ela era uma farsa. Todo aquele disfarce apenas servia para esquecer que tinha sentimentos, mas havia alturas em que até ela os sentia.
Olhava à sua volta e não via ninguem. Todas aquelas pessoas super influentes que conhecia não passavam de conhecidos, e mesmo aquelas a que Lizete chamava de amigas eram apenas "companhias".

Passado semanas deste incidente, Lizete atirou uma bala contra si mesma, suicidando-se e mostrando assim ao mundo que as aparências estragam tudo e enganam, porque nem sempre o que parece é, e Lizete era a prova disso mesmo ..

1 comentário:

Eco disse...

Bem... coitada da Lizete :O