companheiras .

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Não te posso pedir
que me cortes os pulsos vazios
e os deixes no chão.
não te posso julgar
por não quereres fugir
sem os pés no chão.

mas tu vais fugir de mim
com as duas mãos cerradas
vais voar por aí
com as asas depenadas

o sangue não escorre,
o vento não pára,
os lobos uivam
p’rá lua hasteada.

o tempo não muda,
tudo estremece,
és tu a chegar,
o dia amanhece.

Eu só queria
que me cortasses o pulso.
Nesta casa
a dor vende-se a vulso

(quadro - D. Sebastião por Lima de Freitas)

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