Sou Ninguém

Sou o livro aberto
que ninguém quer ler,
sou um mar de sonho
onde ninguém quer morrer,

não passo de um louco sem
glória, num país sem
história, numa língua sem
saliva, num par sem
ninguém.

E quem?
Quem poderei  chamar
amor?,
Quem me dará aquele
calor
de me dar a provar
e partilhar a dor,
de viver, de  andar, de escrever,
de amar?

Não sei, nem nunca
encontrei  alguém.
Mas ouvi dizer
que só vou encontrar
quando me encontrar a mim
também.

E a busca está a acabar
porque a força finda,
foram anos e são anos
de busca à lupa,
não tenho resultados e
não tenho culpa.

Mas sofro a consequência
desta demente inocência
de não saber quem sou
e assim, não te encontrar,
Amor.

 

A culpa é desta dor de pensar
e não amar.