companheiras .

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Como uma estrela .


Fumo na noite. A faiscante ponta do meu cigarro é a única luz nestas escuras escadas onde me sento a apreciar a longe e brilhante vila, cheia de pontos laranja.
Olho para cima enquanto provo o sabor do fumo. Vejo-as ali, quietas, silenciosas, brilhantes e pequeninas. Vejo as estrelas, que nunca tinha vislumbrado com esta atenção.
São apenas pontos finais numa enorme folha de cor azulão bem negro.

Expulso o fumo que tinha nos pulmões. Ele desvanesce neste céu. Mas as estrelas não, essas lá continuam, a piscar timidamente para mim.

Em cada cintilo vejo um momento singular da minha vida.

Peço mais algum calor ao ardente cigarro. Ele retribuí o meu pedido.

Enquanto o meu peito aquece, percebo que já tinha visto aquelas estrelas no passado. Afinal, elas sempre foram o meu tecto. Estiveram ali quando me deitei na relva numa qualquer noite quente dum Verão passado. Não me lembro da data exacta, mas do céu estrelado, esse sim, olho-o na minha própria memória.

Desvanece mais um pouco de fumo no céu.

Tambem lá estavam quando, naquelas noites de saudade, me sentava num parapeito e, com uma música a sussurar-me ao ouvido, me tentava reconfortar e sim, elas sempre me deram força para, nessas madrugadas, me levantar, já com um sorriso e ir-me deitar, para dormir e sonhar, em paz.

Ponho novamente o cigarro entre os lábios e algum fumo nos pulmões.

E lá estou eu, de olhar apontado ao alto. É impossível não olhar, são as minhas companheiras neste momento de vício tranquilo. Quero retribuir-lhes tudo, toda a paz que já me trouxeram durante esta minha curta estadia sob elas.
Ilumino-me. Tambem eu quero ser uma estrela. Quero que alguem olhe para mim e veja um porto de abrigo que nunca o deixa, que acompanha o seu trajecto, que o ama tal qual como aqueles cintilantes astros me amam a mim e a todos nós que estamos debaixo deles.

Sopro mais um trago de fumo e ele, novamente, desvanesce por entre as atentas estrelas.
O fumo desvaneceu sempre, as estrelas não.
“Agora sim, quero ser uma estrela”, penso eu, pois agora posso ser apenas fumo para muitos, mas um dia, hei-de ser estrela para alguem.

Deito o cigarro na húmida terra, apagando-o, e prometo às estrelas que, um dia, serei uma delas.

Porque o fumo vai e as estrelas ficam.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sozinha nunca porque tudo o que vai e não volta é fumo. Tem a sua importancia no momento e sei que durante imenso tempo, mas fica perdido nas memórias. No entanto ttudo o que nunca vai e permanece sempre, é estrela. E assim sei que fica sem que eu pessa, fica mesmo que eu não precise... É o que faz de um bom amigo uma estrela. Assim eu sei que não vou ficar só.


<3 TAVIIIIIIIIIIIIIINHO :DD

VIVA O RANCHO! disse...

Até parece mal!

As pessoas que lerem isto vão pensar que os presidente da JF E CM de Azambuja não metem iluminção.

AI AI AI vai já chamar a tua filha!


Cumps